Durante palestra na RSA Conference 2025, Alexei Bulazel, Diretor Sênior de Cibersegurança no Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSC), apresentou a visão estratégica da nova administração norte-americana sobre cibersegurança. A palestra não apenas reafirmou a importância da Prontidão Cibernética como prioridade nacional, mas também sinalizou uma mudança marcante na doutrina de segurança digital dos EUA: a normalização do uso preemptivo de operações ofensivas cibernéticas como instrumento legítimo de poder estatal.

Cibersegurança como Segurança Nacional

Bulazel destacou que “cibersegurança é segurança nacional” e descreveu como o NSC atua de forma articulada com o Escritório do Diretor Nacional de Cibersegurança (ONCD) e com a CISA, cada qual com funções distintas: enquanto o NSC coordena estratégias em temas de segurança nacional, o ONCD trabalha políticas de cibersegurança transversais a toda a máquina pública federal, e a CISA executa ações operacionais voltadas à proteção da infraestrutura civil.

Reagir Não Basta

A palavra de ordem da nova doutrina é antecipação. A ideia de atuar proativamente com Prontidão Cibernética permeia o discurso de Bulazel. Ele defende que os EUA devem agir antes que os ataques se concretizem, degradando a capacidade dos adversários de forma antecipada. “Podemos também fazer muito para não apenas dissuadir e impedir o ataque… mas também degradar as capacidades do adversário antes que sejam utilizadas”, afirmou.

Em outra declaração-chave, Bulazel destacou: “Se sabemos que eles vão explorar uma determinada vulnerabilidade, podemos… corrigi-la proativamente… ou talvez conduzir uma operação contra a infraestrutura adversária?”

Bulazel trouxe a visão da Casa Branca à RSA Conference 2025

Esse enfoque em Prontidão revela uma visão operacional onde inteligência de ameaças, atualizações e correções preventivas e coordenação com o setor privado são pilares fundamentais. Segundo ele, mesmo empresas bem protegidas podem ser vítimas de Estados hostis — o que reforça a necessidade de uma atuação governamental prévia e contínua.

Inovação a Serviço da Defesa

Outro ponto de destaque foi o papel da inteligência artificial (IA) como multiplicador de força para a defesa cibernética. Bulazel elogiou o Desafio AIxCC, da DARPA, que busca automatizar a identificação e correção de falhas — sobretudo em sistemas legados. Para ele, a IA pode aliviar o esforço humano no monitoramento e resposta, atuando como aliada da prontidão em larga escala.

Ele também defendeu a modernização de marcos legais e estratégicos antigos, como o NSM-42, estabelecido ainda no governo George H. W. Bush, argumentando que as ameaças atuais exigem uma revisão profunda nas bases normativas da defesa digital.

Regras Claras e Cooperação Internacional

A apresentação também trouxe posicionamentos sobre temas sensíveis como o uso de spyware por Estados. Bulazel reafirmou apoio ao Processo Pall Mall, iniciativa liderada por Reino Unido e França que busca criar normas internacionais para o uso responsável dessas ferramentas. A administração, segundo ele, entende que tecnologias ofensivas são legítimas — mas precisam de controle, transparência e aderência aos princípios democráticos.

Além disso, defendeu a harmonização regulatória como alternativa à desregulamentação, reforçando a importância de normas claras, coordenadas e calibradas entre setores críticos.

Arquitetura Robusta de Prontidão Cibernética

Encerrando sua fala, Bulazel reforçou que sua missão é ajudar a moldar uma estratégia de longo prazo, com foco na modernização das defesas e na legitimidade da ação ofensiva como fator de dissuasão. A administração quer deixar para trás o ciclo de reatividade e construir uma postura preemptiva contínua e inteligente de prontidão nacional, alinhada aos riscos tecnológicos da nova era — especialmente frente ao avanço da IA e às ameaças de Estados como China, Irã e Rússia.


Conclusão

A mensagem é clara: a doutrina cibernética pressupõe atitude, inovação e coragem estratégica. O novo rumo da política cibernética dos EUA aposta na dissuasão ativa, cooperação setorial e renovação das ferramentas institucionais como base para uma defesa nacional mais eficaz.

Deixe seu comentário

Por favor inclua seu comentário
Digite seu nome aqui