Apoorva Mehta, CEO da Instacart

O segmento de “Delivery de Mercearia” tem uma história com início nada feliz. Várias foram as iniciativas frustradas neste campo, sendo talvez o maior fracasso a startup Webvan, a qual decretou falência nos EUA em junho de 2001, demitindo mais de 2.000 funcionários após perder mais de U$ 800 milhões.

Entretanto, a startup Instacart conseguiu concluir recentemente uma nova rodada de investimento de U$ 400 milhões, alcançando um valor de mercado de U$ 3,4 bilhões.

Evitando os caminhos errados já percorridos por antecessores que falharam, a empresa planeja usar este capital para acelerar sua expansão no mercado americano, bem como ampliar sua base de clientes oferecendo programas de fidelização gratuitos no primeiro ano de uso.

Além disso, várias são as diferenças entre os modelos de negócio da pioneira Webvan e da Instacart. De início, a Instacart opera com lucro operacional regional 6 meses após iniciar as atividades em cada uma das mais de 30 cidades que atende, enquanto a Webvan reportou, em seu último ano, lucro em apenas 1 das cerca de 20 praças que operava. Além disso, a Instacart optou por não construir uma infraestrutura própria de armazéns, utilizando os próprios supermercados e atacadistas já existentes em cada cidade para operar seu negócio.

Porém, um olhar mais atento ao modelo de negócio da Instacart, que em muito se assemelha ao do Uber, por utilizar uma rede de prestadores autônomos de serviços tanto para selecionar os produtos nas lojas, quanto para transportá-los até os clientes, mostra, ao menos, 3 boas razões para seu sucesso a cada vez que um cliente clica “Comprar” em seu aplicativo:

  • Primeiro, os supermercados e mercearias pagam à Instacart um percentual sobre o valor vendido, visto que esses varejistas estão se beneficiando por oferecer algo desejado por seus clientes, que é o delivery. Com isso, os parceiros varejistas da Instacart conseguem ampliar sua base de clientes, justificando o pagamento desta comissão;
  • Também, há a receita vinda da taxa de entrega, uma parte óbvia neste modelo de negócio;
  • E a terceira, e que mais cresce, é a receita vinda de marcas que desejam pagar um bônus à Instacart para terem acesso diferenciado à base de clientes justamente no momento de decisão de compras, ou seja, no aplicativo.

Com todos esses atributos, pode ser que a Instacart venha a se consolidar como uma plataforma sustentável para o “Delivery de Mercearia”. O futuro nos confirmará se a aposta de U$ 400 milhões valerá ou não a pena.

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