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O lendário investidor global Warren Buffett chacoalhou emoções no mundo financeiro ao afirmar este mês que “A corrida por bitcoins e criptomoedas terminará, provavelmente, em lágrimas“.
Reforçando o discurso, o veterano de Wall Street e Investidor-chefe da Bleakley Financial Group, Peter Boockvar, afirmou hoje à CNBC que “… 90% do valor do bitcoin pode desaparecer … , não me surpreenderia se esta criptomoeda voltasse a um valor entre 1.000 e 3.000 dólares ao final deste ano”.
Na mesma linha, Jamie Dimon, presidente do grupo financeiro JPMorgan Chase e um frequente crítico das criptomoedas, após dizer que acredita no potencial tecnológico do blockchain, afirmou que “Se você for estúpido o suficiente para comprar bitcoins, pagará o preço um dia“.
Eis que, em seguida à sua declaração na imprensa, Jamie recebe uma mensagem de sua filha dizendo: “Pai, eu tenho dois bitcoins”!
Ouroboros
A mensagem da jovem representa um alerta que julgo importante.
Com uma capitalização total de mercado abaixo de U$ 100 bilhões, o Bitcoin geralmente movimenta menos de 1 dezena de bilhões de dólares diariamente. Com números como esses, considerados pequenos em comparação à economia tradicional e resultantes de uma maioria de usuários jovens, nerds e com espírito inovador, a principal criptomoeda, bem como suas correlatas, possivelmente ainda não ocupa grande espaço nas agendas de executivos do mundo financeiro tradicional.
Porém, é importante recorrermos ao passado, verificando diversas outras inovações que, apesar de começarem com números julgados irrelevantes nos primeiros anos de adoção, acabaram por transformar setores econômicos inteiros, como foi o caso do comércio eletrônico, da distribuição de vídeos online e outros.
Portanto, é com esta perspectiva de progressiva transformação que coloca-se o advento econômico e tecnológico das Fintechs, das criptomoedas e do blockchain.
Colisão de Mundos
O debate sobre o futuro das criptomoedas, e também de todo o sistema financeiro, tem gerado acaloradas opiniões antagônicas, contrapondo incumbentes da economia tradicional aos arautos da nova economia. Visões divergentes confrontam o entusiasmo de alguns ao ceticismo de outros no que tange às soluções baseadas em estruturas digitais distribuídas em blockchain.
Dois dos principais ambientes globais de negócios ilustram o antagonismo. No Vale do Silício, eixo de inovação digital californiano, o entusiasmo é tremendo, se fazendo representar por um alto nível de expectativa em relação às Fintechs, ou seja, empresas inovadoras que, com base em tecnologias e modelos disruptivos, transformam as lógicas de meios de pagamento, conciliação e liquidação, financiamento, crédito, atendimento, etc. Já em Wall Street, concentração no sul da nova-iorquina Manhattan que reúne a elite do setor financeiro global, tem-se opiniões como aquelas que verificamos acima.
E, enquanto isso, Beijing envia seu recado anunciando punições, através do Banco Popular da China às ICOs – Initial Currency Offers, com vistas a evitar golpes financeiros e esquemas de pirâmide com criptomoedas. Porém, o gigante asiático mantém o ritmo inovador no setor financeiro principalmente por meio da ampliação do uso de soluções de pagamento via celular – mobile payments – espaço em que ocupa protagonismo no planeta, para a inveja dos tradicionalistas de Nova Iorque.
Da Colisão à Coesão
Se, por um lado, faz-se essencial reconhecer que as criptomoedas, o blockchain, o mobile e outros adventos tecnológicos terão papel cada vez mais significativo na economia global, por outro há que se aproveitar as convergências destes com os mecanismos tradicionais do setor financeiro.
Para isso, conscientes das oportunidades de ganhos de competitividade que essas inovações oferecem aos seus mercados, Bancos Centrais devem acelerar os instrumentos regulatórios e infraestruturais que venham a permitir o surgimento e a expansão de Fintechs com modelos mais eficientes para os clientes. Indo além, as autoridades nacionais devem, em conjunto, endereçar nova governança global que permita um novo patamar de integração econômica às nações, com transparência, segurança e qualidade.
A Revolução do Setor
E à iniciativa privada cabe papel fundamental: inovar!
Especialmente em um mercado como o brasileiro, país com uma grande economia, onde cidadãos tem amplo acesso a celulares, porém contam com um serviço bancário que deixou há anos de estar entre os melhores do mundo, além de ser também um dos mais caros e concentrados da Terra, a possibilidade de disrupções de grande escala é enorme.
E, assim como aqui, pelo planeta afora, sejam grupos financeiros já estabelecidos, sejam startups disruptivas, os que abraçarem as novas possibilidades e criarem modelos de negócio mais eficientes merecerão continuar no mercado.
Para o bem de todos nós!
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