Saunalahti School (photo by Andreas Meichsner)

Um planeta com desafios geopolíticos e ambientais críticos e urgentes. Uma sociedade global de crescentes disparidades e complexidades. Uma avalanche tecnológica cotidianamente transformadora e desafiadora. Essas são algumas das razões que forçam famílias mundo afora a refletirem sobre a formação de filhos e netos, tendo todos apenas uma certeza: o Futuro reserva a eles um modo de vida bem diferente do de todas as gerações que habitaram a Terra até hoje.

Quando escalamos estas questões para uma camada nacional, vemos lideranças da sociedade e gestores se questionarem sobre quais os rumos a serem adotados para as políticas públicas educacionais que possam alicerçar a preparação dos estudantes para a emergência desafiadora da Quarta Revolução Industrial. Ignorar isto seria, no mínimo, relegar uma nação à irrelevância, ou até mesmo a subserviência econômica, tecnológica e social às demais nesta nova etapa da humanidade.

E quais são as possibilidades para preparação dos nossos estudantes para esta nova era? Quem tem obtido sucesso nas necessárias iniciativas de evolução educacional? Novas escolas e novas perspectivas pedagógicas estão surgindo em diversos países, ajudando na identificação de caminhos e alternativas para uma geração que conviverá com mercados de rápidas mudanças, com novas formas de trabalho, de interação e de produção.

Esta nova safra de métodos de ensino e educação é muito necessária, não apenas em razão do ritmo estrondoso de mudança trazido pelas novas tecnologias e desafios globais, mas também porque os atuais modelos pedagógicos ainda são resultantes de práticas bastantes tradicionais, presentes a 200 anos ou mais.

No novo relatório Schools of the Future: Defining New Models of Education for the Fourth Industrial Revolution, o Fórum Econômico Mundial analisou como a Educação precisa mudar. Para isso, o relatório identificou oito “características críticas nos conteúdos e nas experiências de aprendizagem” e ilustrou com a análise de 16 escolas, iniciativas e sistemas educacionais em diferentes países que estão liderando este caminho.

Entre as 16, apresentamos aqui 5 exemplos, de diferentes regiões e condições, que abraçam os conceitos de Educação 4.0, de forma inovadora e estimulante.

1. Finlândia – Empreendedores em Equipe

A Finlândia frequentemente é ranqueada no topo mundial nas análises sobre Qualidade do Sistema Educacional, claramente sendo uma das melhores do planeta.

Uma das suas melhores escolas, a “South Tapiola High School”, foi fundada em 1958. Além de seguir todas as diretrizes curriculares exigidas pelo país, a escola adiciona um foco especial ao ensino da colaboração por meio do empreendedorismo, da cidadania ativa e da consciência social, com aplicações práticas no mundo real.

Escolas com laboratórios e oficinas estimulam o empreendedorismo na Finlândia

A escola oferece aos alunos o Programa de Jovens Empreendedores, abrindo oportunidades para trabalhos em grupo visando a elaboração de ideias para novos negócios que concorrem em concursos nacionais, bem como a própria criação de empresas corretamente planejadas.

2. Brincadeira de Crianças na China

A Anji Play nasceu na Província chinesa de Zhejiang em 2002. Ela segue um currículo para a crianças que fomenta a aprendizagem inteiramente por meio de brincadeiras.

Sua crença fundamental é que qualquer local pode se tornar um ambiente de aprendizado, com um mínimo de 90 minutos por dia dedicados a brincadeiras ao ar livre, com equipamentos como escadas, baldes, caixotes e outros. Chave de sucesso para o modelo é que ele torna o ensino extremamente barato, ou mesmo gratuito, assegurando sua acessibilidade até mesmo a famílias de baixíssima renda.

Inicialmente, 14.000 crianças em Zhejiang já foram matriculadas. E o modelo já se expandiu para mais de 100 escolas públicas em 34 outras províncias da China. Há agora, também, pilotos do método Anji Play nos EUA, Europa e África.

3. Gerando líderes verdes na Indonésia

Desenvolver as novas lideranças verdes para o futuro é foco central da Green School, aberta em Bali em 2008. Seu corpo de alunos conta com 800 estudantes entre 3 e 18 anos de idade. A escola tem agora planos para novas unidades na Nova Zelândia, África do Sul e México até 2021.

Uma das suas principais ações é a manutenção sustentável do ambiente da escola, e no ano escolar 2017-2018 seus estudantes produziram mais de 150 quilos de comida ao mês. Em 2018, estabeleceu-se a parceria com a Sunseap, maior provedor de energia limpa de Cingapura, para auxiliar a Green School a atingir seu objetivo de alcançar a autonomia energética.

4. Refugiados no Quênia são conectados

Em 2015, o ativista, empreendedor e professor Belga Koen Timmers estruturou uma campanha para arrecadação de recursos para ajudar a solucionar um problema que foi relatado a ele por um trabalhador que estava refugiado no campo de Kakuma no Quênia.

A campanha o ajudou a enviar mais de 20 laptops (incluindo o dele próprio), bem como painéis solares e equipamentos de Internet ao campo de refugiados, para conectar professores voluntários às crianças refugiadas. De lá para cá, o número de professores subiu para 350, oriundos dos seis continentes, oferecendo ensino de cursos de línguas, matemática e ciências.

O modelo aplicado em Kakuma está agora em expansão para outras regiões por meio de uma rede de Escolas-Piloto de Inovação em vários países, como: Tanzânia, Uganda, Nigéria, Marrocos, Argentina, África do Sul, Brasil e Canadá.

5. Imersão Tecnológica no Vietnã

TEKY é o nome da primeira academia STEAM (do inglês Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) no Vietnã para crianças entre 6 e 18 anos de idade. Fundada em 2017, ela já estabeleceu 16 unidades em cinco cidades pelo país.

Por meio de parcerias com outras 30 escolas vietnamitas, a academia consegue oferecer cursos tecnológicos de duração entre 9 e 18 meses, além de oficinas de programação de computadores durante as férias e feriados. A academia TEKY oferece módulos de programação, robótica, web design, comunicações e animações multimídia, com alunos passando cerca de 80% das aulas em interação direta com a tecnologia.

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