* Por Eudes Lopes. Ação Jaguar.

A urgência climática e os realinhamentos geopolíticos estão fervendo a busca global por alternativas energéticas limpas, seguras, e sobretudo eficientes. Nesse contexto, a fonte geotérmica tem sido pouco destacada como parte da matriz estratégica de oportunidades econômicas, inclusive no nosso próprio continente sul-americano, onde residem alguns dos vulcões mais altos e ativos do mundo.

Exemplo: Geotérmica de Hellisheidi, Islândia

O histórico de desconsideração dos Andes como fonte inesgotável de energia elétrica remete a um legado antigo, quando, por mais de meio milênio, a divisão hispânica-lusófona, herdada desde o Tratado de Tordesilhas, foi se naturalizando. Assim, as maiores cordilheiras do mundo foram se impondo, não como uma base tectônica para nossa união, senão como obstáculo no seu caminho. Lembramos, porém, que os caminhos interamericanos nunca foram tão rígidos, e os próprios Incas jamais se conformaram com qualquer fronteirização intercontinental durante a expansão do maior império do mundo Pré-colombiano.

Chegou a hora de superarmos tal mentalidade colonial fragmentária, resgatando a interconectividade moderna latino-americana com a retomada da agenda integracionista. Com o retorno de Lula à presidência do Brasil, a pauta da harmonização das uniões aduaneiras MercosulCAN, da expansão da matriz energética à escala regional, e da formação de fundos de capital para o benefício mútuo intergovernamental, se efervescem já no curtíssimo prazo.

Estimam-se que apenas 1% do calor contido nos 10 km superiores da crosta terrestre é equivalente a 500 vezes a energia contida em todos os recursos de petróleo e gás da Terra (Kammen 2004).

Os tempos de atividades vulcânicas são lentos. Às vezes milenários. Mas que ninguém se atreva a contê-los, especialmente quando se despertam.

Referência: Daniel M. Kammen (2004), “Renewable Energy, Taxonomic Overview,” in Encyclopedia of Energy, Vol. 5.

* Eudes Lopes, PhD pela Cornell University ([email protected])

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